quarta-feira, outubro 26, 2005

VILLA SE FOI

Teatro potiguar perde Chico Villa

Paulo Oliveira
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Diário de Natal
26/10/2005

O teatro potiguar perde a irreverência e a transgressão de Francisco Evilailson Souza, o Chico Villa, que sempre rompeu limites em busca de novas experiências cênicas. Vítima de um aneurisma cerebral hemorrágico, ele morreu por volta das 9h de ontem no Hospital Tarcísio Maia, em Mossoró, onde estava internado há sete dias. A morte cerebral do ator e produtor foi confirmada instantes depois que passou mal e desmaiou no colo da mãe. A família ainda aguardava a recuperação, apesar dos médicos afirmarem que seria muito difícil. O corpo está sendo velado na capela Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e o enterro será às 9h de hoje no novo cemitério da referida cidade.

Considerado uma das maiores expressões potiguares das artes cênicas, ele morreu no mesmo dia da semana, e no mesmo horário, no qual foi acometido pelo aneurisma na terça-feira da semana passada. Nascido em Rafael Fernandes, Alto Oeste potiguar, Chico Villa, 44 anos, era um dos artistas mais importantes e influentes do Rio Grande do Norte. Começou sua formação de ator, em 1970, no circo e nas apresentações de mamulengos nos terreiros das casas, mercados e feiras do sertão. Na década de 80 fez parte, ao lado de pessoas como João Marcelino, Marcus Bulhões, Costa Filho, Dimas Carlos e Carlos Nereu, de grupos de teatro como Esquina Colorida e Estabanada Companhia de Teatro. Grupos que se tornaram conhecidos pela inovação e pela vanguarda que até hoje inspiram atores que já atuavam naquela época, além daqueles que estão iniciando a trajetória.

‘‘Quando conheci o trabalho de Chico ele fazia parte do grupo Esquina Colorida, foi um dos seus primeiros trabalhos como ator. Depois veio o grande sucesso Quem beliscou Paulinho?. Era a história de um vampiro no divã, cheia de humor e de questões políticas do país na época. Era uma colagem de textos feita por Marcus Bulhões e por Chico que vivia a psicanalista. A peça tinha um grande time, além deles dois João Marcelino fazia uma governanta, Bulhões o próprio Paulinho, Carlos Nereu fazia direção, a música era de Danilo Guanais e a luz de Castelo Casado’’, relata diretor teatral Sávio Araújo.

Para Sávio, ‘‘Chico sempre foi muito inquieto, sempre estava em busca de um novo desafio. Era uma pessoa irreverente mas conseqüente, transgressor mas responsável. Não se conformava com os limites, buscava o novo, novas experiências. Tudo de uma forma muito saudável. Também tinha um movimento de cena muito interessante, muito particular. Eram ações que fugiam do cotidiano’’, complementa Sávio.

Chico também desenvolveu um trabalho na Companhia de Teatro de Repertório do Sesi e criou vários outros grupos teatrais, além de participar do elenco da TV Universitária. O artista partiu para o Sudeste, Rio de Janeiro e São Paulo, onde aperfeiçoou a dramaturgia junto a nomes como Eugênio Barba, Gerald Thomas, Antônio Abujamra e Denilto Gomes. Chico Villa recebeu muitos prêmios e participou de vários festivais sendo considerado o melhor ator.

Atualmente ele morava em São Paulo, mas estava em Mossoró desenvolvendo o espetáculo Benedito. Ele ficaria no estado durante alguns meses, período no qual o amigo Marcus Bulhões está na Espanha fazendo mestrado. Em seu retorno, os dois iriam se encontram em São Paulo para juntos desenvolveram um projeto na USP.



Morre o irrequieto Chico Villa

TN
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Tribuna do Norte
26/10/05


Tádzio França - Repórter

Cessaram ontem pela manhã as funções vitais do ator e produtor potiguar Chico Villa, 44 anos, que estava internado há uma semana no Hospital Tarcísio Maia, Mossoró, em decorrência de um súbito aneurisma cerebral que o acometeu terça-feira passada, na casa dos pais. Após a morte cerebral já declarada pelos médicos na semana passada, os familiares estavam aguardando o falecimento do coração e da respiração.

A morte de Chico Villa gerou comoção entre colegas e amigos da área cultural potiguar. “Era um homem totalmente do teatro, ainda jovem, com muitos projetos na cabeça. Fico mais triste ao pensar em tudo que ele ainda poderia fazer”, disse Ivonete Albano, diretora do Teatro Sandoval Wanderley.

O jornalista Woden Madruga acha que o potencial de Chico não foi de todo explorado. “Poderia ter sido um ator de alcance nacional, caso a mídia tivesse sido mais justa com ele. Perdemos um excelente ator e uma grande figura”, disse o colunista da TRIBUNA DO NORTE.

O diretor de teatro João Marcelino, contemporâneo de Chico, via o amigo como um professor. “Aprendi muito com ele. Começamos juntos no grupo ‘Esquina Colorida’, nos anos 80. Em ‘Quem beliscou Paulinho?’ eu sempre observava a interpretação dele, e aprendia algo mais. Chico foi um dos grandes artistas de sua geração, e um dos pilares do movimento que revolucionou o teatro potiguar nas duas últimas décadas. É um pedaço da nossa história recente que se vai”.

“Chico construiu um trabalho de personalidade própria, de espirito transgressor, como todo bom teatro deveria ter. Ele tinha um brilho dionisíaco em sua volta, sempre muito agitado, disposto a transgredir. Chico tinha muita vivacidade, sempre foi um ‘tumulto’ ambulante, desde os 20 anos em que o conheci. Sem dúvida, o Estado perdeu um grande artista que dedicou a vida inteira ao teatro”, afirmou Clotilde Tavares, atriz e escritora.

O diretor Costa Filho, que também esteve na fase oitentista do teatro natalenese, destaca o espírito irrequieto do artista. “Chico era irreverente, irrequieto, desafiador, gostava de questionar as coisas através de temas políticos e sociais. Nesse sentido, ele foi vanguardista para a sua época”.

O produtor e antropólogo Josenilton Tavares lembrou a importância de Chico como aglutinador cultural: “Chico era uma pessoa ativa, que levantava a bandeira do teatro de qualidade. Sem sombra de dúvidas, um expoente do teatro potiguar. Mas a vida segue seu rumo, e fica a referência”.

Chico Villa nasceu em Rafael Fernandes, região do alto oeste do Estado. Iniciou a sua formação de ator nos dramas de circo e nas apresentações dos mamulengueiros nos terreiros das casas, mercados e feiras do sertão potiguar no início da década de 70. Mas foi nos anos 80 que Chico marcou época: o grupo de teatro Esquina Colorida foi considerado ousado, inovador e vanguardista no início daquela década.

O artista também passou a desenvolver seu trabalho na companhia do teatro de repertório do Sesi, em Natal, criou vários outros grupos no Estado e participou do elenco da televisão universitária local. “Migrou” para o Rio de Janeiro e depois para São Paulo.

Em texto enviado por email, o teatrólogo Marcos Bulhões escreveu : “Adeus, Chico Villa. Não deu tempo de realizar o Benedito, espetáculo que você estava ensaiando, tão empolgado, o projeto multimídia que o levou de volta a Mossoró, numa última tentativa de produção no Estado que primeiro te tratou como estrela e depois te colocou no limbo dos excêntricos. Ficamos com a tua imagem otimista, apesar de todas as barreiras, preconceitos e descasos. Ficamos com o teu exemplo de dedicação integral ao Teatro, coisa rara neste país de vaidades e simulacros. Salve o ator que colecionou prêmios em festivais nacionais, salve o precursor da cena pós-dramática no RN, o performer que nunca perdeu suas raízes no circo, o melhor Comediante desta terra, em seu sentido mais amplo, o rapsodo, que tem o que dizer ao mundo. Salve o grande amigo que nos inspira. Que seus esforços pela renovação cênica não caiam no esquecimento. Que viva Chico Villa, em nossa memória.”

por Alma do Beco | 8:00 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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