quarta-feira, outubro 26, 2005

O SEGUNDO ADJUNTO


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Léo chegou em casa como de costume: embriagado. Disse a amada que não iria, mas terminou indo ao Bar de Nazaré para uma prosa com Seu Milton
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Seu Milton
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e uns poucos tragos de Montila com coca-cola.
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- Tenho que aproveitar esse Pratodomundo para consolidar minha candidatura à sucessão de Dunga. Vou ter que dar o golpe em Alex. Mas como?
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Léo e Alex
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Poucas horas antes, havia jurado fidelidade à chapa Sempre Samba e confirmara sua presença na reunião de sexta no Bardalos, quando as primeiras estratégias de luta seriam traçadas.
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A condição de secretário não lhe agradava. Deixara isso explícito logo que Alex se ausentou do etílico referencial ponto de boemia da Cel. Cascudo, centro de Natal, e ficara a divagar frases acometidas de coma alcoólica aos que ficaram, notadamente o adjunto da chapa, lambe-lambe Hugo Macedo e; outros de só menos importância, como o jornalista Luciano de Almeida, pintor Franklin Serrão e o atual executivo, Eduardo Alexandre.
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Hugo Macedo
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- Posso contar com Chagas e Orf, mas Dunga não vai proclamar voto para a minha chapa nem vai fazer campanha. É um fela ingrato. Depois de tanto que eu o ajudei...
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Precisava montar a chapa. Conseqüentemente, de nomes. Precisava de referenciais becodalamenses.
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Havia de procurar secretário, tesoureiro e diretor cultural melhores que os postos pelas duas chapas já lançadas. E o seu adjunto deveria ser alguém de muito prestígio ou poder de atuação para somar realizações e convencimento aos eleitores.
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Dorian Lima
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- Dorian, candidato a diretor cultural da chapa de Bira, é um tira-voto. Melhor não dizer nada e deixar ele lá, Bira cantando e seduzindo os corações, e ele, Dorian, a tarde toda em Nazaré, a desacatar o primeiro que ouse sentar em suas adjacências. Venâncio, o homem da cultura da chapa de Alex, a minha atual chapa, é, pelo menos, mais discreto que Dorian: bebe menos. Mas também quando bebe... Mas quem não bebe?
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O dilema era demais. Caiu no sono e amanheceu com a pinimba na cabeça.
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- E se eu convido Plínio para a minha direção cultural?
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Franklin Serrão
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Nem se perguntou e lembrou a marchinha silviosanteana entoada por Serrão sempre que Plínio chega esbaforido, 20:30h, em Nazaré, de bicicleta, para dois dedos de ‘prosa passando’:
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- Plínio Sanderson vem aí! Param, pam, pam, pam, pam! Plínio Sanderson vem aí!
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E desistiu de fazer a Plínio o convite para a sua assessoria cultural.
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- Quem sabe Dickson Meméia? Zé Dias? Marcelo Veni? Lula Belmont? São quatro produtores culturais de peso...
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E veio a grande idéia:
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- Faço ver que o Estatuto da Samba está precisando de umas revisões e incluímos mais diretores culturais na gestão, mais secretários, mais tesoureiros, mais adjuntos, que é isso que está faltando à Samba, e aí eu ganho a parada com Bira e Alex de adjuntos.
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Foi para a Câmara caminhando e, no caminho, veio a lembrança e a musiquinha de Serrão:
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- Plínio Sanderson vem aí! Param, pam, pam, pam, pam!
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Plínio Sanderson
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Encabulado consigo, mudou o pensamento para outras composições:
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- Na secretaria, posso ter Barbinha, da chapa de Bira e... E... E... Quem da chapa de Alex, se era eu o candidato e não sou mais, sou o presidente do Beco? Tenho que encontrar outro secretário...
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E continuou matutando quem convidaria para a Tesouraria.
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- Chagas? Orf? Karl? Cid Augusto? Quatro tesoureiros está bom? Não seria melhor Chagas como terceiro adjunto? E não tem mulher nessa chapa? E a Racha Samba, o que vai dizer? Doutora Meire vai me cair de pau! E as outras minorias? Os comunistas do Beco, o que dirão?
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E desatou a pensar. Pensou, pensou, mudou de caminho, tomou o rumo do centro da cidade e foi, sem tomar nenhuma, direto ao banheiro do Bar de Nazaré, onde pensou no início do discurso de mais tarde.
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Chagas, Bira, Dunga, Alex e Léo
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- Aqui, na solidão e na inviolabilidade do banheiro de Nazaré, construo obras primas que chegam ao mundo... Aqui, projeto-me froidianamente em devaneios tritentaculares que despertam assuntos e desejos nos quatro cantos do Alembeco de Lula Augusto... Por que, pai, devo ser amaldiçoado por desejos de poderes vãos como os da Samba?
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E saiu assoviando:
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- Param, pam, pam, pam, pam. Param, pam, pam, pam, pam!
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Edgar Allan Pôla

por Alma do Beco | 9:24 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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