quinta-feira, setembro 22, 2005

A PORTA MAIS LÁIGA DO MUNDO



“A elitezinha, essa que não quer jamais largar o osso, insuflou contra mim seus cães de guerra.” Ex-deputado Severino Cavalcanti 217 dias!

O Globo
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O CARNÊ

Era um rapaz inteligente, dinâmico, aplicado, vivedor, bem casado, um pedaço de morena, mas que atravessava fase de maré vazante de causar dó. Não esquentava um emprego, as firmas não pagavam as comissões, as transações entabuladas não se concretizavam na undécima hora, por qualquer quase nada.
A cara-metade teve bem intencionada idéia:
- Vou lhe ajudar, filhinho. Vou trabalhar!
Até aí, tudo cem por cento. Mas, um mês depois, TV em cores. E como não, se a jovem comprou um carnê, destes ditos da felicidade?
A sorte, realmente, havia mudado. E foi um tal de ganhar que, benza-Deus! Depois da TV, fogão a gás; depois, geladeira. Um mês depois, videocassete. E, se como o carnê não bastasse, deu pra achar dinheiro na rua, lojas queimando vestidos caríssimos por pechinchas, amigas que vendiam jóias a prestações ínfimas... Os amigos o cumprimentavam:
- Sua mulher é um portento! Trabalhadeira, está aí!
Mas o pobre foi detectando umas piscadelas suspeitas, uns risinhos maliciosos quando se referiam ao labor da bela consorte...
Um dia, chegou em casa disposto a colocar as coisas em pratos limpos. Mal entrou, escutou pedido vindo do banheiro:
- Acuda, filhinho! Estou toda ensaboada e faltou água. Arranje-me um balde, uma bacia d’água...
Quando o marido cumpriu o mandado, passou-lhe apenas um caneco de alumínio.
- Mas, filhinho, esta água não dá pra nada.
E o marido, pisando nos calos, a fúria na voz:
- Dá pra lavar o carnê...

José Alexandre Garcia



A PORTA MAIS LÁIGA DO MUNDO

Um hôme parô na porta,
de um pequenino bar.
Tirô uma trena do bolso,
e se pôis a istirá.
Cum a trena istirada,
midiu a porta da entrada,
muntas vêiz, de lá prá cá.

Uis povo parô prá oiá,
aquela situação.
O hôme a midí a porta,
repetia a operação.
Inté qui êle parando,
na certa, se contentando,
terminô a midição.

Se virando p'ro povão,
falô: Triste sina, a minha.
Essa porta tão istreita,
e assim tão apertadinha,
num é a porta do céu,
mais de um ambiente crué,
qui levô tudo qui eu tinha.

Aí passô meu dinhêro,
passô o pão duis meus fío,
minha casa cum terreno,
passô todos uis meus brío.
Passô o meu artomóve,
passô todos uis meus móve,
e meus cubertô de frío.

Passô a minha saúde,
passô minha mocidade,
passô toda a isperança,
da minha ispôsa, in verdade.
Aqui pru êsse portá,
tombém passô o meu lar,
e a minha felicidade.

Aqui uis farsos amigo,
ficaro vendo eu passá.
Ficaro do lado de fora,
assistindo eu entrá.
Assistiro eu munto moço,
chegá no fundo do poço,
in sua lama afundá.

Me leva isso, a cuncruí,
cum pesá munto profundo:
O qui se ganha numa vida,
se perde aqui, num sigundo.
O aiculirmo num cunforta,
pois êle pissui a porta,
qui é a mais láiga do mundo...

Do livro PÉ DE PAREDE - CORDEL DE CABO A RABO,
de Bob Motta, página 37, edição 2002, esgotada.

Dedico hoje a todos os queridos amigos (as) que dão tréla às besteiras que eu escrevo...

Bob Motta





Caleidoscópio

Deixo na boca solitária dos poetas
As palavras
Deixo nas mãos fervorosas dos pintores
Os pincéis
Deixo nos dedos ligeiros dos músicos
As partituras
Deixo na voz rouca dos cantores
Os protestos
Deixo nos pés calejados dos dançarinos
Os palcos
Infinito festival...

Deborah Milgram



Maior Que a Própria Vida

Quando mais tarde um dia me faltar
aos olhos a visão do teu sorriso,
Quando para te ver me for preciso
construir teu corpo desenhando o ar,

E dessa forma ter definitivo
o que fora sempre antes provisório,
que me seja bem leve e transitório
o ânimo de viver e o seu motivo.

Que me seja bem pouco o alimento
da minha carne desapetecida,
do meu caminho sem prosseguimento,

Pois bastará, à minha sobrevida,
o ar que respiraste e o sentimento
de que foste maior que a própria vida.

Robério Matos



M O T E

BOB, POETA MATUTO
COM NOME DE AMERICANO

G L O S A S

1.

Meus irmão, num fiquei puto;
vocêis tem tôda razão.
É isquisito de muntão,
BOB, POETA MATUTO.
De linguajá puro e bruto,
vô lhe dizê, seu fulano:
Nascí pós guerra, meu mano,
no Trampolim da Vitóra,
isso é o "X" da minha istóra,
COM NOME DE AMERICANO...

2.

Eu nascí no Potengí,
dispôi da segunda guerra.
De Natal, amada terra,
me danei p'ro Carirí.
E me criei puralí,
de sêca a inverno, ano a ano.
Isso ixprica, seu fulano,
e eu num tomo cumo insurto,
BOB, POETA MATUTO,
COM NOME DE AMERICANO...

Bob Motta




Bob, poeta matuto
com nome de americano


seu talento não discuto
trova vai e trova vem
trova muito, trova bem
bob, poeta matuto
nacional é o 'produto'
sertanejo, sem engano
cabra de lascá o cano
valoriza o que é da roça
bob motta é coisa nossa
com nome de americano


ele não é um chinês
muito menos timorense
vietnamita, ugandense
australiano ou francês
digo pra todos vocês
que o hômi não é cubano
não é grego e nem troiano
é brasileiro esse fruto
bob, poeta matuto
com nome de americano


Meméia



Bob, poeta matuto
com nome de americano


Minino vou lhe contar
Nesse beco, tem de tudo
Uns entram pelo cano...
Outros só querem ganhar
Mas, tem "cabra" astuto
Esperto que só bichano
Num é que foi botar...
Bob, poeta matuto
com nome de americano


Manoel Bomfim



BOB, POETA MATUTO
COM NOME DE AMERICANO

Ele é sábio, é astuto
tem uma poesia mimosa
para mim é rei da glosa
BOB, POETA MATUTO.
É ligeiro, é resoluto
faz poesia mano a mano
adivinha como cigano,
ele é mesmo um grande artista
nem sei se é abecedista
COM NOME DE AMERICANO

Chagas Lourenço

por Alma do Beco | 1:16 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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Praieira
(Serenata do Pescador)


veja a letra aqui

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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mariza lourenço

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