quinta-feira, junho 16, 2005

REVITALIZAÇÃO (MAIS UMA VEZ?)



TRANSFORMAÇÃO
Projeto prevê mudanças significativas na área em frente ao Teatro Alberto Maranhão

Tribuna do Norte
16/06/05

Yuno Silva - Repórter

Não é de hoje que se conversa sobre a revitalização do centro histórico da capital potiguar. Já houve ensaios para movimentar o largo da rua Chile, na Ribeira, quando o projeto “Fachadas da rua Chile”, em 1996, recuperou a pintura frontal de parte do casario. Como num ciclo, de tempos em tempos uma crise de identidade bate à porta e o tema volta a ganhar força nas rodas de conversas e nos gabinetes, provocando uma série de encontros e articulações voltadas para a implementação de propostas que possam conferir nova vida à região mais antiga da cidade — Ribeira e Cidade Alta.

O assunto voltou à tona com a palestra “Corredor Cultural de Natal - fortalecimento econômico e cultural de uma área histórica”, evento promovido pela Agência Cultural Sebrae/Sesi na última terça-feira, no salão de eventos da Assembléia Legislativa. A palestra contou com a presença do arquiteto santista Ney Caldatto Barbosa e do engenheiro civil Luiz Phelipe Andrés, responsáveis pela coordenação da revitalização nos centros históricos de Santos (SP) e São Luiz (MA), respectivamente. Também participaram do encontro a secretária municipal do Meio Ambiente e Urbanismo, Ana Mirim Machado; os secretários de Turismo Fernando Bezerril, do Município, e Nelson Freire, do Estado; a diretora do IPHAN/RN, Jeane Nesi; e o empresário do setor turísco, George Costa; entre outros interessados no assunto como o arquiteto Haroldo Maranhão e o presidente da Sociedade dos Amigos do Beco da Lama e Adjacências (SAMBA), Eduardo Alexandre.

Setor turístico vê revitalização histórica

Para o empresário George Costa, a revitalização do centro histórico é uma interessante opção que deve incrementar o turismo e ampliar a permanência dos visitantes na cidade: “Não precisamos modificar a cidade e sim fazer pequenos ajustes que possam proporcionar condições para a circulação do turista. Locais para estacionamento, sinalização, mapas e folheteria bilíngüe estão entre as primeiras providências a serem tomadas”, apontou o empresário.

De acordo com o secretário municipal de turismo, Fernando Bezerril, o projeto que prevê a requalificação do largo da praça Augusto Severo (em frente ao Teatro Alberto Maranhão), na Ribeira, deverá ser aprovado no Ministério do Turismo agora em julho. “Estamos em constante contato com Brasília para tratar dessa e de outras ações de infra-estrutura. Entre as negociações mais avançadas estão a criação de um terminal para navios de passageiros e a concretização do projeto previsto para a praça Augusto Severo, berço do Corredor Cultural. O prefeito Carlos Eduardo se mostrou sensível ao assunto e garantiu esforços, inclusive a injeção de recursos municipais, em prol dessa proposta.”

Projeto depende de diversos segmentos

Alessandro Ferreira, técnico do setor de patrimônio da Semurb, deixou claro que o processo de revitalização do centro histórico depende do envolvimento sistematizado de diversos segmentos. “Temos que unir o interesse da iniciativa privada em investir na área às ações do poder público e à participação da sociedade, não adianta só a Prefeitura e a classe artística quererem — a parceria tem que ser generalizada e firmada desde o início da implantação do projeto.

Observando as experiências de outros lugares, tanto no Brasil quanto exterior, a grande mola propulsora da vitalidade desses centros é a adequação e criação de espaços habitacionais”, explicou Alessandro, chamando atenção para o convênio firmado entre a Prefeitura e a Caixa para incrementar o setor habitacional.

A opinião é compartilhada pelo gerente da Agência Cultural Sebrae/Sesi, Eduardo Viana: “O próximo passo é provocar o encontro entre todas as partes envolvidas para podermos mostrar a viabilidade da iniciativa de se implementar o Corredor Cultural. Mesmo com poucos recursos, ações planejadas em conjunto podem avançar independentemente do andamento dos pedidos de financiamento ao Ministério do Turismo e do Prodetur.”



Especialistas contam experiências

“Primeiramente, temos que saber lidar com os interesses dos potenciais patrocinadores, que estão mais interessados no retorno de mídia do que na revitalização em si. Não há como fugir dessa tendência mercadológica nem existem fórmulas; o diferencial são as estratégias adotadas. Portanto, o desafio é transformar um projeto de restauração em um produto que seduza tanto a sociedade quanto o patrocinador”, explicou Ney Caldatto Barbosa, arquiteto especialista em restauração e assessor técnico da Secretaria de Planejamento da Prefeitura de Santos (SP) responsável pela coordenação dos projetos de revitalização do centro histórico da cidade situada no litoral paulista.

“Um dos segredos do sucesso é aliar o conjunto arquitetônico com gastronomia e cultura, focando também o potencial turístico. O êxito de qualquer iniciativa depende da aplicação adequada de metodologias, como fazer um levantamento preciso da vocação e das potencialidades do lugar, considerar sua identidade e explorar, com equilíbrio, temáticas que podem gerar uma série de subprodutos (livros, documentários, filmes)... o detalhe é criar a emoção. Natal tem a vantagem de ser uma cidade charmosa onde ainda não há uma degradação avançada”, acredita.

Em Santos, o projeto de revitalização do centro histórico começou em 1999 com ajustes na ocupação e intervenções urbanas como a realocação dos camelôs. “Em 2000, o bondinho voltou a circular pelas principais ruas do centro (1,5 km de linhas recuperadas) com sucesso imediato, tanto que já estamos ampliando a linha para 3,5 km. Porém o programa ‘Alegra Centro’ iniciou com força a partir de 2003, quando os projetos passaram a ser aprovados nas Leis de incentivo.”



Altos investimentos com retornos a longo prazo

Com 28 anos de experiências na área de revitalização de centros históricos, o engenheiro civil Luiz Phelipe Andrés, atual Superintendente do Patrimônio Cultural do Estado do Maranhão, lembra que tudo é uma questão de vontade política e sensibilização social: “O Maranhão já investiu, em 26 anos, 100 milhões de dólares e o retorno é o ganho turístico e cultural, a geração de emprego e a movimentação educacional. Podemos dizer que o centro histórico funciona como uma espécie de espelho que reflete melhorias por toda a cidade. Se ele (o centro histórico) está vivo e revitalizado, mostra nível de civilidade de uma sociedade interessada em preservar a própria identidade, educada e informada... isso acaba requalificando a imagem do lugar.”

Vale ressaltar que o centro histórico de São Luiz tem aproximadamente 5,5 mil imóveis, enquanto que o Corredor Cultural de Natal - região que se estende da Igreja do Galo, na Cidade Alta, até o Teatro Alberto Maranhão, na Ribeira - tem cerca de 30 edificações (quase todas tombadas pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) com interesse histórico, segundo dados do próprio IPHAN/RN.

“O traçado urbano do centro histórico de Natal - Ribeira e Cidade Alta - é praticamente o mesmo desde o surgimento da cidade, por isso acredito que não teremos grandes dificuldades em adequar os espaços. Agora temos que compreender que o processo é lento e caro, que gera demandas não só financeira como também humana. Acredito que as propostas de revitalização só poderão ser consolidadas se conseguirmos reunir forças e canalizar ações em um mesmo sentido, um trabalho que deve ser assumido tanto pela sociedade e poder público, quanto pela iniciativa privada”, analisa Jeane Nesi, diretora geral do IPHAN/RN.

Jeane Nesi lembrou que o interesse em preservar o patrimônio histórico surgiu no século XV, em Roma.

Corredor Cultural de Natal


Palácio da Cultura

. Convento Santo Antônio
. Memorial Câmara Cascudo
. Igreja Matriz Nossa Senhora da Apresentação
. Praça André de Albuquerque
. Praça Padre João Maria
. Instituto Histórico e Geográfico do RN
. Museu Café Filho
. Casa do Padre João Maria / IPHAN
. Palácio Potengi da Cultura
. Casa do Estudante
. Igreja do Rosário
. Palácio Felipe Camarão
. OAB – Ordem dos Advogados do Brasil
. SESC – Serviço Social do Comércio
. Praça das mães
. Fundação Capitania das Artes
. Solar João Galvão
. Solar Bela Vista
. Travessa Pax
. Casa de Luís da Câmara Cascudo
. A República – Imprensa oficial
. Colégio Salesiano São José
. Antigo prédio da Escola Doméstica de Natal
. Antigo Prédio do Grupo Escolar Augusto Severo
. Praça Augusto Severo
. Teatro Alberto Maranhão

Fonte: “O Corredor Cultural de Natal”, de Jeanne Fonseca Leite Nesi; e “Natal 400 anos depois”, livro publicado pela Semurb em 1999.

por Alma do Beco | 6:02 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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A imagem de fundo é do artista plástico e poeta Eduardo Alexandre©

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