domingo, junho 26, 2005

O PRIMEIRO BRASILEIRO 15



Enquanto um grupo de guerreiros retira ferido João Antônio Cícero Sebastião José Silva Fernandes da gaiola em que se encontrava, Itapietá socorre Jandira. Potiassu caminha em direção ao grupo que mantém Potimirim sob domínio e desfecha-lhe mortal golpe com o tacape que tem a mão.
Os feridos são levados à oca do chefe da tribo potiguar para receberem tratamento, enquanto o corpo de Potimirim, a mando de Potiassu, é levado para dunas distantes e deixado a céu aberto para ser devorado por animais e urubus.
- Vivemos momentos diferentes. Não conhecemos quem são nem o que querem os homens das canoas grandes. Precisamos estar unidos para enfrentar o que está por vir. Daqui por diante, qualquer insubordinação, por menor que seja, será cobrada com a vida de quem a cometer, disse Potiassu a seus guerreiros, depois de reuni-los e recomendar providências de vigilância redobrada em torno de todo litoral circunvizinho.
Enquanto o ferimento de Homem da Canoa Grande não apresentava gravidade, Jandira ardia em febre. Durante cinco dias, a guerreira potiguar delirou desacordada, tendo ao lado Itapietá e outras mulheres, que temiam pela perda da guerreira ou do filho que trazia na barriga.
Quando a febre da guerreira grávida finalmente abrandou, Itapietá descansou aliviada. Era grande a preocupação das mulheres índias com a saúde da índia que trazia consigo o filho de Igarassujara, aquele que seria especial, muito especial, diferente de todos e por isso a ser mantido vivo a todo custo.
Quando a guerreira, no sexto dia acordou do desfalecimento, Igarassujara, o Homem da Canoa Grande, foi chamado a sua presença. Potiassu queria mostrar a ambos que daquela investida de Potimirim eles haviam escapado, mas que outras poderiam acontecer, já que ainda havia oposição entre os seus, e um ou outro guerreiro poderia atentar contra suas vidas.
Após a visita, Potiassu recomendou que levassem Igarassujara à cabana que havia construído na margem esquerda do Potengi e que o deixassem viver nas cercanias do rio, sem poder aproximar-se da taba. Queria preservar Jandira durante a gravidez. Eles só poderiam voltar a se encontrar depois do nascimento do curumim.
Os dias seguintes foram difíceis para Jandira. Se viveria, era a indagação de todos. Estava magra e a febre e os delírios voltavam inesperadamente. Juraci, irmão de Itapietá, destacou-se em seus cuidados, recomendando ervas para o tratamento. Seria o novo pajé da tribo comandada por Potiassu.
Em sua solidão vigiada e protegida, Igarassujara explorava terras cada vez mais distantes. Como os potiguares, vivia da caça de pequenos animais e da pesca de camarões, siris, caranguejos e peixes, abundantes nos mangues a margear rio a dentro, até os igapós, onde uma comunidade mantinha pequena aldeia.
Em suas igaras, comandados de Potiassu cruzavam o rio levando material à outra margem do Potengi, onde preparavam acampamento com uma única morada. Fora ali o lugar determinado pelo chefe para a construção do lar que serviria a Jandira, se sobrevivesse, e sua nova família, um rio largo a separá-los, mas, ao mesmo tempo, próximos, ao alcance de seus guerreiros.
Recomposta depois de duas luas entre a vida e a morte, a grávida vítima da ira de Potimirim recebeu recomendações de não se afastar da tapa. Retomaria atividades amenas e só depois do nascimento de Igarassujararaí, o filho do homem da canoa grande, poderia voltar a encontrar-se com o estranho homem chegado do mar.

Eduardo Alexandre

por Alma do Beco | 10:10 AM


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