sábado, março 26, 2005

A RUA SARGENTO MENEZES



Começando ali na Estação Ferroviária, quieta, sem bulício, está, existe, desde o tempo dos americanos, uma rua. “Sargento Menezes” é o seu nome.

Raríssimas pessoas sabem, tanto ontem quanto hoje, quem foi o Piloto-Aviador JOÃO MENEZES DE MELO (1896-1920). Era natalense da gema, batizado em Nova Cruz. Filho do Capitão João Felismino Ribeiro Dantas de Melo (do Ceará-Mirim) e de D. Maria Clementina Menezes de Melo (de Canguaretama).

Desde 1927 é nome de hangar no Campo dos Afonsos (RJ) e no Campo de Marte (SP.). Um ano depois do seu sacrifício, em 1920, era (e é) rua em Bento Ribeiro, bairro carioca onde Ronaldinho nasceu e aprendeu a jogar bola. Somente há uns três ou quatro anos, decorridos oitenta, Natal, seu berço, sua terra, lembrou-lhe o nome para uma rua de periferia, nos cafundós-do-judas. Isso depois, parece, de um puxão de orelhas muito bem dado por Luiz G.M.Bezerra! Deixemos para lá a deslembrança do povo da Cidade dos Reis Magos...

Entretanto sobre um fato incontestável é bom, aqui, se dar notícia: no Estado, foi o povo de Parnamirim e os colegas aviadores do Sargento Menezes, na maioria “gente de fora” – como se dizia -, que antes, muito antes daqueles da capital, com clara primazia homenagearam o herói esquecido, pioneiro e mártir da Aviação Militar Brasileira.Câmara Cascudo, dois anos mais novo (1898-1986), dizia-no “curumiaçu do meu lote” (leia-se “rapaz do meu tempo, da minha patota”), recordando-lhe “o espírito esfuziante, comunicativo, original”.


Alistado no Exército, em Natal, setembro de 1914, já de outubro a novembro, recruta ainda, prestou, como soldado de infantaria, “serviços de guerra” no Ceará, combatendo os jagunços do Padre Cícero do Juazeiro, comandados por Floro Bartolomeu - político metade-médico, metade-cangaceiro. Transferido, em 1915, para o 3º Regimento de Infantaria, no Rio. Garboso 3º. Sargento, em fevereiro de 1920 era aluno da 2ª. Turma da Escola de Aviação Militar, sediada no legendário Campo dos Afonsos. A Primeira, formada apenas por oficiais (12 capitães e tenentes), concluíra o curso em 22 de janeiro. Apenas dois desses chegariam, mais tarde, a oficiais-generais: Henrique R.D.Fontenelle e Ivan Carpenter Ferreira.

Essa 2ª.Turma do Sargento Menezes era formada por dois tenentes, três oficiais uruguaios, onze sargentos, um cabo e um soldado. Ao generalato chegariam o uruguaio Tydeo Larre Borges – o maior herói da aviação platina – e os sargentos Rodolpho Prates e Raul Dinoá Costa, do Exército Brasileiro. Entre todos, Menezes foi o primeiro a solar (voar só, sem instrutor), o primeiro a receber o brevê internacional do Aeroclube da França e o primeiro a concluir o curso de Piloto-Aviador Militar. Alegre, esportista (remador do Flamengo), elegante, fazia sucesso com as mulheres e era considerado por colegas e superiores como o melhor piloto do curso. Um indivíduo competente, uma “cobra criada” ! –dir-se-ia hoje.

Voando na manhã de 29 de setembro de 1920, notou um defeito no motor do caça “Nieuport”. Pousou para comunicar a ameaça de pane ao instrutor da Missão Militar Francesa, Cap. Etienne Lafay. Além de não atendê-lo na requisição de outro aparelho para a manobra do “parafuso” (piruetas complicadas, desligando o motor, planando e religando) o francês, que não se dava bem com o Sargento, fê-lo de maneira sarcástica. Tomando a atitude do superior como uma ofensa ao seu brio - e não atendendo aos apelos dos colegas que lhe advertiam, nervosos, para o extremo perigo que correria - voltou ao avião, subiu, fez o que era para ser feito e... caiu! Falhara-lhe o motor ! Não havia pára-quedas, na época; tampouco condições de pouso de emergência. Antes de o avião espatifar-se nas cercanias da estação de trens de Marechal Hermes, livrando-se dos cintos, saltou, livre e só, para a morte. Tombou perto de um campo de futebol, no início da Rua Gravatá. Era solteiro, bonito e tinha só 24 anos de idade. Descansa na “Cripta dos Aviadores” do Cemitério São João Batista, no Rio de Janeiro. Foi o sexto mártir da aviação brasileira.

Era o “Tio Joãosinho”, que não conheci - irmão do meu pai e também Poeta.
(Transcrito da “Tribuna de Parnamirim”, de Parnamirim-RN)

Laferre de Melo
Ex-repórter

Laferre de Melo é pseudônimo do Pesquisador LAÉLIO FERREIRA DE MELO, sobrinho do Sargento Menezes.

Fonte: Laferre de Melo (Transcrito da "Tribuna de Parnamirim", de Parnamirim/RN
Colaboração: Laélio Ferreira de Melo — o.i.leal@digizap.com.br

por Alma do Beco | 4:39 AM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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