domingo, março 27, 2005

ESFERA POÉTICA


Eduardo Alexandre©

Entrevista: ANTONIEL CAMPOS
Mário Gerson
Da Redação
Gazeta do Oeste

Antoniel Campos é engenheiro civil e nasceu em Pau dos Ferros (RN), a 7 de janeiro de 1967. Publicou Crepes e Cendais (1998) e De Cada Poro um Poema (2002), agora, em 2005, edita A Esfera, livro que já lhe rendeu muitas honrarias da crítica. É um poeta visceral. “Minha poesia tem um lado visceral”. Ele confessa. Em um bate-papo descontraído, nas dependências do espaço Chap-Chap, o poeta falou de poesia, de esfera, de encanto e criticou o lado resumo-sem-sentido do fazer poético. É conferir a palavra semeada por Antoniel Campos.

O início?
AC - A influência da rima sobre minha obra é tão grande, que a primeira vez que escrevi não sabia o que era um soneto. Identifiquei-me muito com Augusto dos Anjos. Tive contato com os poetas formadores um pouco tarde. Depois, conheci Cruz e Souza: beleza estética do simbolismo, e Afonso de Guimarães. Logo a seguir, veio o interesse de maravilhar-se com Rimbaud e Baudelaire. Atualmente, admiro muito a poesia de Paulo Henriques Brito, que ganhou o prêmio Portugal Telecom. Ele brinca e destrói o soneto enquanto forma. A quebra que dá no ritmo se torna quase uma prosa. E ele é muito sarcástico com o ato de escrever; contra si mesmo. Acho esse se negar o máximo.

Você se nega nos seus poemas?

AC - Com certeza. Acho que é uma necessidade de quem escreve dizer um “não” primeiro a si. Eu sei que quero isso, mas vou dizer que não quero isso.


Proposta filosófica em sua poesia?

AC - Existe, embora eu sempre tenha procurado evitar a questão de levar minha poesia a um caminho filosófico. Em todos os três livros que escrevi, sempre as primeiras partes são de questionamentos. É a dor, o negar-se, o negar. São facetas que realmente estão presentes no que escrevo.


Os poetas deixaram de se negar?

AC - Acredito que os poetas hoje – sei que entro em rota de colisão com o fazer poético atualmente no Brasil – porque o que se busca é uma manipulação que beira a ser tola com as palavras. Isso significa buscar a concisão por buscar. Como se a concisão estivesse no ato de escrever pouco. Pode ser lacônico, escrevendo pouco. Podemos ser verborrágicos, escrevendo pouco, podemos ser concisos, escrevendo muito. Aquilo que escrevemos não é definitivo. Deve-se escrever até o dia da gráfica, quer dizer até o último momento. Também isso não significa enxugar demais e nem ficar espalhando o poema para dizer o que não tem mais para dizer. O poema é do tamanho da idéia.
Os livros anteriores traziam o mesmo ritual de exercício poético?
O primeiro livro foi Crepes e Cendais, que são dois tecidos: um sedoso; outro mais áspero. Na parte dos crepes, eu explorava a temática da dor, da morte, da poesia confessional. E na outra, a poesia mais lírica, que fala do amor, do sensual. A poesia dependia da textura do tecido. O segundo livro, De Cada Poro um Poema, dividi também em duas partes: nos poros, aquela coisa mais visceral. A partir do segundo livro já comecei a lançar o olhar mais sobre o fazer poético e mantinha mais a questão da dor; na segunda parte dividia a parte lírica, amorosa; bem como na poesia sensual, que gosto de tocar.

Por que esfera?

AC - Qualquer tamanho que seja a esfera, nunca se consegue ver a metade, pois para ver a metade, o seu raio visual teria de fazer uma tangente em cima e embaixo da esfera. No entanto, o raio visual que sai do nosso olho sai em forma de cone e não atinge a metade da esfera. Só podemos ver a metade da esfera no infinito, quando as paralelas se encontram. A partir dessa idéia, começo a tratar a questão da poesia. Quando me aproximo da esfera, vejo detalhes dela, mas vejo muito menos da sua metade. Posso me distanciar e a partir do momento que me distancio, começo a ver mais partes dessa esfera. A poesia tem de ser visceral. O meio termo não vale em poesia. É isso que penso.

por Alma do Beco | 12:16 PM


Hugo Macedo©

Beco da Lama, o maior do mundo, tão grande que parece mais uma rua... Tal qual muçulmano que visite Meca uma vez na vida, todo natalense deve ir ao Beco libertário, Beco pai das ruas do mundo todo.

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